segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ferro

Este elemento é detectável na composição de quase todos os seres vivos, sendo essencial para a esmagadora maioria destes. A maquinaria celular dos organismos depende bioquimicamente do ferro para executar muitas das suas funções, em particular a respiração, sendo um componente essencial na hemoglobina do sangue. O ser humano não é exceção, necessitando de tomas diárias deste elemento, normalmente proporcionadas por uma dieta equilibrada.
A carne vermelha, especialmente, o fígado dos animais, é a melhor fonte de ferro. Dos vegetais, a soja, o feijão e as verduras de cor verde escura, como espinafre, couve e brócolis também são fontes de ferro.
O organismo aproveita mais o ferro dos alimentos de origem animal (ferro "heme"), do que o ferro dos alimentos de origem vegetal (ferro "não heme"). Um meio ácido, como a presença da vitamina C, presente nos alimentos, ajuda o ferro de ambas as fontes a ser melhor absorvido.

Como parte integrante da hemoglobina, o pigmento protéico que confere a cor vermelha ao sangue, este metal torna possível o funcionamento do sistema de transporte de oxigênio entre os pulmões.


A hemoglobina nada mais é do que uma proteína que carrega consigo complexos inorgânicos tendo como átomo central um íon de Ferro, complexo esse denominado "Heme". Diferentemente da mioglobina, que também exerce papel no transporte de oxigênio e possui apenas um grupo 'heme', a hemoglobina possui quatro grupos 'heme'. Este complexo "heme" irá ser responsável pela fixação e transporte do oxigênio, uma vez que o complexo está ligado a estrutura protéica da hemoglobina e esta, por sua vez, promove o transporte de toda a estrutura. Cada hemoglobina carrega 4 moléculas de gás oxigênio por vez, visto que existem 4 complexos "heme" ligados a hemoglobina. A ligação do complexo "heme" com o oxigênio é fraca e instável, dependendo de uma série de fatores, como pH, temperatura e da pressão parcial dos gases dissolvidos no sangue.
Portanto, o equilíbrio ácido-base é um dos fatores fundamentais para que o processo de transporte do oxigênio seja efetuado de maneira satisfatória.
Sabe-se também que o ferro pode exercer função de proteção, por fazer parte da enzima catalase que quebra o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio, porém em contra partida, pode ser prejudicial, pois, por ser um metal de transição pode doar ou aceitar elétrons livres durante reações intracelulares, catalisando a formação de radicais livres, como na reação de Fenton que gera o radical hidroxila (°OH) que é extremamente reativo, reagindo rapidamente com alvos celulares mais próximos, podendo lesar DNA, proteínas açucares e lipídios.

Visto que no organismo a maior parte do ferro está na forma férrica (Fe³+) ele primeiro precisa ser reduzido para a forma ferrosa (Fe²+) para então participar da reação de Fenton. (Fe² + + H²O² à Fe³+ + OH- + °OH)

No estado metabólico normal, o superóxido favorece a oxidação de Fe²+ a Fe³+. No entanto, se a concentração intracelular de superóxido é elevada, a reação favorece a redução de Fe³+ a Fe²+ perpetuando a reação de Fenton e formando mais radicais hidroxila. Os níveis dos ROS (radicais de oxigênio altamente reativos / H²O², O²-) no entanto, são minimizados pela ligação dos íons a proteínas de armazenamento, que agem como quelantes, e assim minimizam a formação de °OH.


Outra reação que gera o radical hidroxila é a reação de Haber-Weiss, que é catalisada por metais de transição como o Ferro e o Cobre.


História
A história do ferro na medicina surge com Cláudio Galeno, um médico grego que viveu durante a segunda metade do segundo século DC. Começou por utilizá-lo como laxante, ainda que hoje em dia o ferro seja conhecido precisamente pelo efeito oposto. É preciso avançar mais de 1450 anos para se encontrarem dados históricos que incluam o ferro na medicina ou farmacêutica.

Em 1745 um médico italiano (Vincenzo Menghini) prova a existência deste elemento no sangue humano. A sequência experimental deste investigador consistia em alimentar cães com preparados de ferro, drenar-lhes o sangue, secá-lo e, posteriormente, queimar a pasta seca. O resultado foi realmente espantoso. Ao sujeitar as cinzas resultantes a um campo magnético confirmou a sua hipótese. Com esta descoberta inicia-se a história do ferro na saúde.

É claro que a prova da existência de ferro no sangue humano, foi apenas o começo da descoberta pois a resposta à pergunta “Qual a utilidade do ferro nos vasos sanguíneos?”, foi alvo de investigação durante anos a fio. Em 1832, um médico denominado Bland descobriu que era possível curar a anemia, utilizando sulfato de ferro (II). A partir desta crucial descoberta, a imagem do ferro começou a ser frequentemente associada ao bem-estar físico e à saúde.


Patologias associadas ao Ferro

Anemia:A deficiência de ferro causa uma redução na taxa de síntese de hemoglobina e pode resultar em anemia. Pode ser causada por uma dieta pobre em Fe ou por absorção intestinal de Fe prejudicada.
A anemia se caracteriza pela redução na quantidade de hemácias no sangue.
O resultado é a redução da capacidade do sangue de transportar oxigênio aos tecidos.
“Dentre os fatores ocasionadores da anemia a carência de ferro é a mais importante, chega a corresponder a 90% dos casos; isso porque o ferro é um dos principais constituintes das hemoglobinas.”



Hemocromatose
É uma doença aonde ocorre o depósito de ferro nos tecidos pelo seu excesso no organismo. Os principais locais de depósito são o fígado, o pâncreas, o coração e a hipófise, que podem ter perda progressiva de suas funções.
A hemocromatose pode ser hereditária, quando é causada por uma anomalia genética, ou secundária, quando é provocada por outra doença.


Tratamento
O tratamento utilizado globalmente, de eficácia comprovada, relativamente barato e praticamente inócuo é a flebotomia (sangria) periódica, ou seja, a retirada de sangue. As células vermelhas do sangue contem hemoglobina, da qual o ferro é componente importante (normalmente, 70% do ferro no nosso organismo está concentrado na hemoglobina). Com a retirada periódica de sangue (nos pacientes com ferritina sérica > 1.000 ng/ml, geralmente uma bolsa de sangue por semana, com nova dosagem de ferritina a cada 4 a 8 semanas), ocorre o deslocamento do ferro depositado nos tecidos para a formação de novas moléculas de hemoglobina, até que não há mais excesso (no início do tratamento, definido como ferritina sérica menor ou igual a 20 ng/ml). Depois, são realizadas novas flebotomias em intervalos variáveis procurando manter o valor de ferritina sérica menor ou igual a 50 ng/ml. Com esses cuidados, não costuma surgir anemia significativa durante o tratamento e a evolução da doença é interrompida, não levando a progressão das lesões nos órgãos-alvo. (http://www.hepcentro.com.br/hemocromatose.htm)
Sites de onde foram retiradas as informações apresentadas a cima: e-escola , danone , usc , revistaseletronicas , olharvital



Qual a relação do Ferro com Doenças Neurodegenerativas?


"Crescentes evidências vêm indicando que o ferro tem um papel importante na patogênese dos portadores da Doença de Parkinson através de mecanismos da neurodegeneração. Esta revisão tem por objetivo abordar aspectos de sua absorção,transporte e estoque no corpo humano. Adicionalmente, é abordada a participação do ferro no estresse oxidativo do sistema nervoso central e suas implicações nas doenças neurodegenerativas, com especial destaque para Demência de Alzheimer"

2 comentários:

silva lemes disse...

Cambuquira, estância hidromineral do Circuito da Águas do Sul de Minas tem várias fontes no seu Parque das Águas, entre elas a Fonte Ferruginosa. A água desta fonte foi usada por um médico numa escola municipal próxima em crianças que tomaram essa maravilha da natureza com resultados positivos no combate da anemia de algumas crianças.

Unknown disse...

o arquivo ficou muito pequeno,dificulta muito a leitura,mas eu achei a mesma matéria,fica o link para quem quiser:
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/2112/2632